O brinquedo de arquitectura segundo Douglas Coupland

Para os jovens da minha geração (1970) que tenham, ou tenham tido, algum gosto pela leitura ,o nome de Douglas Coupland não é certamente uma novidade. Geração X, o seu primeiro e mais famoso livro, de 1991, tornou-se rapidamente numa novela de culto, lançando o seu autor para o estrelado literário, segundo uma trajectória verdadeiramente meteorítica. Considerada uma obra tipicamente pós-moderna, foi a primeira de uma longa série de livros. Desde então, Coupland já escreveu mais dez novelas e vários ensaios com traduções em 36 línguas. A sua última obra, uma biografia sobre o filósofo visionário Marshall McLuhan, foi editada em Março de 2010.

O que me leva a falar de Coupland, hoje e aqui, é ter descoberto que este autor canadiano, com formação em artes em Vancuver, Milão e Sapporo, foi responsável em 2005 por uma instalação no Canadian Centre for Architecture (CCA) com o título “Super City”.
Para compreender melhor, falta dizer duas coisas: a primeira é que a instalação de Coupland no CCA segue uma série de exposições (6 desde 1991) ao longo das quais o Centro foi mostrando a sua colecção de brinquedos de Arquitectura. Uma colecção, anteriormente propriedade de Norman Brosterman (ver artigo de Junho), considerada a maior e mais importante colecção deste género de propriedade de uma instituição. A segunda coisa é que Super City não é só o título da instalação mas é, sobretudo, o nome de um brinquedo considerado, justamente pelo próprio Douglas, nada mais que "the best building kit ever made—possibly even better than Lego."

Na altura, num artigo da archiseek.com: "Illustrating his theory that building toys have the power to feed themselves back into the real world of objects and ideas, Coupland’s Super City installation invokes an imaginary urbanscape by deftly combining scale-models of high-rise buildings, monuments, and infrastructural elements with an assortment of parts from the various building kits in his personal collection. Toronto 's monumental CN Tower (1976), segments of the U.S. interstate highway system, and typical American water towers, and most infamously, the World Trade Center towers by Yamasaki (1966–77) destroyed on 11 September 2001, are all integrated with parts from the Super City, Tinkertoy, Jumbo Lego, Meccano, Tog'L, and Matador kits. Occupying a space 12' x 12' x 12', the assemblage of shapes and objects is uniformly painted white, echoing Coupland's recollection that as a child, he perceived "everything in the Lego universe as perfect and crisp and anti-death.... Lego was the future. White. Clean. Plastic." 

Uma história bizarra a deste brinquedo que foi lançado pela Ideal Toys, um dos maiores fabricantes de brinquedos norte-americanos, em 1967 e retirado do mercado no ano seguinte, Diferentemente do Lego, por exemplo, Super City é um brinquedo destinado exclusivamente à construção de edifícios. As peças, feitas de plástico, juntavam-se segundo uma lógica construtiva extremamente parecida com a adoptada nos edifícios prefabricados que, mesmo nos anos 70, representavam um paradigma de progresso e industrialização da Arquitectura e que estavam a ser projectados e construídos pelo mundo fora. Pilares e vigas uniam-se em ângulo recto criando gaiolas estruturais que podiam ser tapadas com elementos opacos, janelas ou outros tipos de painéis com diferentes acabamentos. Resultavam sempre em edifícios caracterizados por uma linguagem extremamente moderna e absolutamente coerente com a época.

As tipologias propostas na caixa de montagem eram heliportos, centros de investigação, estações e arranha-céus. "Anything made from Super City looked like a Craig Elwood or a Neutra or a Wallace K. Harrison", comentou Coupland, segundo o qual o fracasso deveu-se à excessiva sofisticação do brinquedo para as crianças que o recebiam.

Para quem queira saber mais, sobre seja o que for, há sempre o Google. Aconselho só uma rápida visita à casa de Douglas Coupland, onde se podem ver algumas construções feitas com Super City.

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